Ninguém move uma palha sem pesquisa. Também pudera, somos tão inseguros! E é para o que servem todas elas: birutas, balizadores, muletas ou escudos, dependendo da nudez das certezas.
Existem as pesquisas para inspirar e as pesquisas para confirmar (ou negar). Não se deve confundir as duas, senão incorremos no erro clássico e crônico: paralisia criativa, perpétua repetição de fórmulas, monotonia.
Pesquisas qualitativas, quaisquer que sejam as técnicas, são da primeira categoria. São frustrantes para quem nelas procura ideias prontas. Qualitativas são trampolins, pontos de partida e perigosíssimas para quem nelas acredita. Qualitativas são tiroteio, experimentos. Toda pesquisa qualitativa é mentirosa na sua essência, porque só da mentira, da ficção e do sonho nascem as ideias. Essas pesquisas são projetivas, é para isso que foram inventadas, nunca para investigar o passado.
Já as pesquisas quantitativas, todas as metodologias confundidas, são confirmadoras. Confirmam ou refutam uma suspeita inserida na pergunta. Elas são estatísticas, portanto, exatas. Sempre serão inúteis para quem busca tatear no devir. Elas servem para dizer que “foi assim”, não servem para dizer “assim será”. Não se deve acreditar em tendência de pesquisa quantitativa. Pesquisa quantitativa é investigação histórica, é para isso que existe, para documentar, não para projetar.
E o problema, o problema é o erro de diagnóstico que confunde os propósitos. É achar que se quer inspiração quando se quer confirmação. Ou que se quer confirmação quando se quer inspiração. Dá no que dá.
Quando a pesquisa qualitativa explica o que aconteceu, quando a pesquisa quantitativa sinaliza para onde ir, andamos para trás ou não saímos do lugar.
por Fernand Alphen
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